22 de mai. de 2013

Sala de espera

Há dias em que paciência é uma estranha para mim, em outros, minha grande companheira. Mas ao colocar os pés na minúscula sala de espera do consultório dentário, ela para, me olha fundo nos olhos e diz - sem palavras - "você está por sua conta agora, não concordo com a sua burrice", e assim vira as costas e me abandona.
Há 5 anos iniciei meu tratamento e gastei uma quantia boa de dinheiro para consertar problemas sérios na boca, no rosto e até pescoço. Há 5 anos. Já deveria estar tudo pronto e bonitinho há 3 anos, ou 2, porque ok, sou boazinha de vez em quando.
Eu não sou uma pessoa que se entrega muito, não consigo fazer amizades rapidamente, mas sou sociável suficiente pra ser amiga, ao menos, do meu dentista... E é aí que reside o meu grande problema: não sei pressionar as pessoas, não sei cobrar porque penso que cada um deve saber, e bem, tudo o que se deve fazer e, principalmente, se esperam que você o faça bem feito.

Então hoje vou entrar na sala do russo - é, o cara é russo - e vou dizer que preciso terminar meu tratamento até dezembro porque vou me mudar para outro estado e não posso continuar nisso morando tão longe. É que relacionamentos à distância raramente funcionam e nós precisamos terminar esta relação 'bucal' (!) e seguirmos com nossas vidas.
;)

Só estou esperando ele chamar: Bianca, sua vez!

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E, não é que rolou na boa?! Eu disse que preciso me mudar no fim do ano e que temos que terminar logo e... Ok. Ele não gosta muito de jogar conversa fora. Nossa relação é mesmo platônica, eu fico de boca aberta, ele usa suas ferramentas e diz que eu preciso voltar na próxima semana.

Ok. Vamos ver como vai ficar esse ok, se ele vai continuar no ritmo que estava hoje ou se vai voltar a esperar que eu 'discuta nossa relação novamente'. Vou contar na próxima consulta que vou entrar pra faculdade no início do próximo ano, não virei mais ao Rio por um bom tempo.
E na próxima, vou contar que vou me aventurar no mundo dos negócios, e que em novembro vou fazer parte de uma feira de negócios.
Aí, da próxima vez, vou contar como pretendo voltar a trabalhar.
E então aviso que até o dia 15 de dezembro temos um prazo final, porque pretendo passar o natal com amigos na Itália (e vou torcer e fazer todo o possível pra conseguir todo o dinheiro necessário), e assim, espero eu, que o meu dentista russo, entenda que não volto mais, mas um dia, quem sabe, eu o visite.

Foi um bom dia. Eu me forcei a dirigir até o prédio do consultório, e por mais bobo que possa parecer, foi libertador. Eu voltei a dirigir por prazer e não só obrigação de me sentir responsável, ou porque todo mundo gosta de dirigir e eu não andava curtindo muito. Eu voltei a dirigir e descobri que eu gosto dessa minha liberdade, da música que ouço no carro, do ar geladinho, das janelas fechadas e até do trânsito das 4 da tarde. É, eu gosto de ser dona do meu nariz.


Uma filha sem mãe

Eu sempre gostei de assistir algumas amigas e suas mães-amigas, achava lindo ver que dividiam momentos engraçados, ternos, preocupados, e até tristes, mas o que é importante é que dividiam. Dividiam abraços, trocas de olhares, beijos, carinhos, dividiam ideias, gargalhadas, livros, sapatos.
Lembro de uma em particular que sempre tinha uma caneca de café na mão, o telefone na outra e andava de pijaminhas pela casa enquanto trabalhava pelo telefone. Quando saíamos para escola, ela saía para trabalhar, não sem antes conversar com a gente, dançar e cantar, perguntar sobre meninos.
Era divertido.
Gosto até hoje de observar mães e filhas na rua, andando juntas, conversando, se abraçando. Gosto particularmente de ver mães e filhas que saem juntas para fazer compras no shopping, acho simplesmente lindo e encantador. É bonito ver os gostos que se parecem, os que são totalmente diferentes, as opiniões e as palavras de encorajamento, os elogios e mesmo a apreensão de dizer algo que possa magoar, mas gosto de ver a verdade nos olhos delas e o amor incondicional.
Fico triste ao ver as sábias mães e as interessantes filhas de caras amarradas e evitando conversar, mas sei como até este comportamento é necessário para que as duas cresçam como seres humanos evoluídos e saibam respeitar seus tempos e suas diferenças, que saibam conhecer seus limites e que achem assim mais motivos para se amar.

Nada é tão agradável e tão doce quanto ter uma mãe que te ama, te respeita, se interessa por seus sonhos, medos, mudanças, que te ajuda, que cura todas as tuas dores, que te abraça, afaga teus cabelos, te beija, te faz rir, te faz chorar,  conserta tudo no seu mundo, te dá colo, te dá conselhos, te faz feliz, divide momentos preciosos contigo, te entende, te põe pra cima, não te julga, te leva ao cinema, te faz companhia no cinema, no sofá...

Nada é tão gostoso quanto ter uma mãe.

Nada nunca vai substituir o amor que deveria existir numa relação tão pura, forte, bonita e tão natural quanto respirar.

E nada disso é pleno quando apenas observado, de fora, sem se ter a real sensação de como é ter uma mãe, uma amiga desde sempre.

Não sei como é abraçar e beijar minha mãe sem obrigação, ou por um ato de costume. Não sei como é dividir nenhuma das maravilhas que descrevi acima, sei apenas observar e achar um comportamento muito estranho - apesar de lindo - entre mães e filhas.

Sou mãe. Sei ser mãe. Gosto de ser mãe. Faço tudo que descrevi acima com meus filhos, todos homens, e parte de mim se aquiesce e deixa essa felicidade se espalhar e aquecer o corpo todo.
Acho intrigante como esse amor pode ser tão incondicional, tão forte e tão gostoso. Meus filhos são tão meus amigos que as vezes eu me sinto incomodada com o tanto que sei sobre eles e como eles pouco se importam ao me contar detalhes da vida deles que nunca pensei que eles gostariam de dividir com a mãe, e depois noto como sou feliz por tê-los... Esses meninos sem tabu, sem vergonhas, sem medos, que confiam em mim tão confortavelmente e me deixam fazer parte do maravilhoso universo deles. Meninos que me amam tanto e tão gratuitamente, e que eu amo tanto e sem restrições.

Gosto de cumprir meu papel de conselheira, de amiga, de cuidadora, de enfermeira, de professora, de MÃE. E espero que meus filhos sejam tão felizes com os filhos deles como eu sou com eles, que nunca deixem de sentir especiais como filhos e pais, que nunca esqueçam o que é amor, o que é amar.

Mas eu ainda adoraria conhecer a mãe com quem um dia sonhei e ouvir de verdade as palavras que ela disse nesse sonho, além de sentir seu toque que me acalmava e me deixava feliz. Quem era aquela mulher?
A minha mãe me carregou nove meses, me pariu, me criou, me ensinou várias coisas, mas não era a minha mãe de verdade... Aquela mulher nunca existiu, e vou continuar sendo uma filha sem mãe, mas serei eternamente uma mãe com filhos maravilhosos e de quem tenho muito orgulho e que me amam, me acalmam e me fazem feliz!

Ser mãe é celebrar sempre, ter mãe é para poucos.

Bee


4 de out. de 2009

Texto de Shakespeare

"Depois de algum tempo você aprende a diferença, a sutil diferença
Entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se,
E que companhia, nem sempre significa segurança.
E começa aprender que beijos não são contratos
E presentes, não são promessas.
E começa aceitar suas derrotas
Com a cabeça erguida e olhos adiante,
Com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje,
Porque o terreno de amanhã é incerto demais para os planos,
E o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende que o sol queima
Se ficar exposto por muito tempo.
E aprende que não importa o quanto você se importe,
Algumas pessoas simplesmente não se importam...
E aceita, que não importa quão boa seja uma pessoa,
Ela vai ferí-lo de vez em quando
E você precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que leva-se anos para construir confiança,
E apenas segundos para dstruí-la.
E que você pode fazer coisas em um instante,
Das quais se arrependerá pelo resto da vida.
Aprende que verdadeiras amizades
Continuam a crescer mesmo a longas distâncias,
E o que importa não é o que você tem na vida,
Mas quem você tem na vida.
E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos que mudar de amigos
Se compreendermos que os amigos mudam.
Percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa,
Ou nada, e terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida
São tomadas de você muito depressa - por isso,
Sempre devemos deixar as pessoas que amamos
Com palavras amorosas,
Pode ser a última vez que as vejamos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes têm influência sobre nós,
Mas nós somos responsáveis por nós mesmos.
Começa a aprender que não se deve comparar com os outros,
Mas com o melhor que pode ser.
Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que se quer ser,
E que o tempo é curto.
Aprende que não importa aonde já chegou,
Mas onde está indo,
Mas se você não sabe para onde está indo,
Qualquer lugar serve.
Aprende que, ou você controla seus atos, ou eles o controlarão,
E que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade,
Pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação,
Sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer,
Enfrentando as consequências.
Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes,
A pessoa que você espera que o chute quando você cai,
É uma das poucas que o ajudam a levantar-se.
Aprende que maturidade tem mais a ver com
Os tipos de experiência que se teve
E o que você aprendeu com elas,
Do que com quantos aniversários você celebrou.
Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança
Que sonhos são bobagens,
Poucas coisas são tão humilhantes
E seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva
Tem o direito de estar com raiva,
Mas isso não te dá o direito de ser cruel.
Descobre que só porque alguém não o ama
Do jeito que você quer que ame,
Não significa que esse alguém não o ama com tudo o que pode,
Pois existem pessoas que nos amam,
Mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém,
Algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo.
Aprender que com a mesma severidade com que julga,
Você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido,
O mundo não pára para que você o conserte.
Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma,
Ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar...
Que realmente é forte,
E que pode ir muito mais longe
Depois de pensar que não se podia mais.
E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!"
- William Shakespeare -

9 de jun. de 2008

Trouble Sleeping

"It's late and I'm feeling so tired
I'm having
Trouble sleeping
This constant compromise
Between thinking and breathing..."
(Corinne Bailey Rae)


It has really been difficult falling asleep lately, how come? I have thousands of things that can make me feel tired and knock me out and in to bed on the blink of an eye. I just don't understand the reason why I'm not knocked out by my own troubled mind, the constant work of my non-stop brain. Sometimes it feels like an acid trip. Or... I've been sleeping for so fucking long, that I don't even know the difference between being awake or not. It may sound really weird, but I don't seem to understand anything else anymore, I still know what's right and wrong, although it's something relative to some people, but I try. The thing is, I don't believe I want to keep trying to figure anything else out, I mean, I just wanted things to be a little more clear instead of being so hard, so difficult... to understand, to deal with, to take ahead, just like falling asleep.

How difficult going to bed can be? But mainly, how difficult, while in bed, sleeping can get? Is that asking too much to have a nice night sleep and deal with all other shit when I wake up? Even if it's the very moment I wake up! I don't care!!! Why would I???

I'm just trying to empty the garbage can (my sleepless mind!), if you get it.
That's all.
If there's anyone out there that bothers to read whatever I write...
Or this damn typed letters are as lost as I am, in the cyberspace, for good!

Bee

5 de jun. de 2008

Penso...

"Os fenômenos mais interessantes da vida têm provavelmente sempre esse aspecto duplo de passado e futuro; talvez sejam sempre progressivos e regressivos ao mesmo tempo. Revelam a ambigüidade da própria vida."
Thomas Mann

Quem é Você???

Aprendi a nadar (oficialmente) aos 9 anos de idade, passei uns 6 anos praticando natação (e continuo alérgica/asmática - não tanto quanto antes, mas...), eu amo nadar, mas eu amo nadar NUA, ao natural, é assim que me sinto livre, que me reconheço, que me encontro!

É quase um ritual, tiro minha roupa sem pressa, e vou entrando lentamente na água, deixando ela envolver todo meu corpo, me abraçar por inteira e é nesse exato momento que eu sei o que é sentir bem-estar, prazer e ter noção exata do meu corpo, cada milímetro dele, onde começa e onde termina, o que vem a ser o mesmo lugar, é só pra dar uma exatidão de todo o envolvimento e delimitação de mim mesma. É um prazer difícil de descrever, o que é entrar num lago, numa cachoeira ou mesmo no meu espaço aquático preferido: uma piscina!

Gosto de nadar à noite, sentir o arrepio do vento frio na pele, manter o quanto for possível do corpo embaixo d'água e ser envolvida sem ser 'abandonada' enquanto deslizo embaixo d'água e a mesma continua me seguindo, me envolvendo, me acariciando... É como um amante líquido, que permanece envolto ao meu corpo durante o tempo que eu quiser... Ah, isso é tão bom!


Uma 'psico' da vida, me disse que isso era saudade do útero materno... Ora, c'mon! Por que sempre tem algum 'psico' querendo explicar as coisas como se tudo fosse culpa do útero de nossas progenitoras?! Deixem o útero das progenitoras fora disso, eu posso afirmar que essa minha paixão pela água nada tem a ver com o buraco do qual saí! Na verdade é uma coisa muito mais sexual, sensual e apelativa do que se pode imaginar...
É ter o corpo todo envolvido por um carinho constante, é sentir esse 'amante' deslizar por entre minhas pernas, meus seios, minha barriga, meu rosto, sentir o vento soprar frio no meu pescoço e me causar arrepios deliciosos, lacisvos.
Os mais puritanos podem não entender ou nem gostar do meu texto de hoje, mas essa sou eu, a 'bia' que não gosta de regras, que não se adapta a regras e inevitavelmente vai quebrá-las por não conseguir aceitar coisas impostas. A minha única regra é não ter regras! Contraditório? Não! Realista!!! Eu sei que não consigo seguir regras comuns por muito tempo, ou tempo nenhum por fato... Quebrei aqui a regra de falar de sexo e sensações que eu gosto de experimentar, ou repetir.
Nesse exato momento não sei quem sou, não conheço mais meu corpo, não tenho o amante ideal, aquele que me quer por inteira, que envolve todo meu corpo e me proporciona esse prazer tão delicioso e essencial. Faço viagens constantes à minha suíte, tranco a porta do banheiro e me olho no espelho ridiculamente grande perguntando insistentemente 'Quem é Você?', e a resposta é quase sempre imutável, e eu já nem mais pergunto, eu suplico por minha identidade de volta... A resposta quase imutável é "Você é uma mente perturbada e de coração coberto de uma névoa misteriosa"...
"eu quero minha antiga moradora, da mente serena e coração claro", suplico mais uma vez...
Dessa vez a resposta vem de susto "mergulhe novamente no seu amante, a superfície de sua água imóvel é o que deixa sua mente e coração nebulosos, mas se você agitar essas águas novamente, você pode se reencontrar, o sentido do seu 'eu', sua liberdade nua, seu prazer que recobre todo seu corpo e limpa sua mente"...

Eu sei disso, eu sei que preciso disso, mas ainda não tive coragem de me entregar novamente a esse romance 'aquático', porque uma vez já fui a sereia que meu amante tanto adorava passear ao redor e hoje não me sinto mais bela, e não quero ser rejeitada... antes vou ter que me cuidar pra esse amante tão doce reconhecer minhas formas, meus contornos, meu ventre, minhas pernas, braços, seios, rosto que EU não mais reconheço!

Mas um dia começo minha revolução, me entrego de corpo e alma, e volto a sentir como meu amante me deseja, sem medos...
Bee